22 de jul. de 2014

Empresas investem em mais qualidade de vida

Como conciliar trabalho e vida pessoal? Essa preocupação deixou de ser exclusividade de empregados, executivos, profissionais liberais e trabalhadores em geral, passando hoje a fazer parte da estratégia de muitas organizações. As empresas estão considerando o impacto da rotina na satisfação e produtividade dos funcionários e começando a oferecer alternativas para reduzir o estresse e proporcionar mais qualidade de vida às pessoas, visando incentivar e reter talentos.

Benefícios como dar liberdade a profissionais para entrarem mais tarde ou saírem mais cedo do trabalho ou desenvolverem atividades home office (trabalhar em casa) para terem mais tempo de investir no aprimoramento da carreira, pegar ou deixar filhos na escola ou resolver questões pessoais são práticas cada vez mais comuns.

Descontração

Outra alternativa de motivação é investir em ambientes informais, com cenários leves e descontraídos, incluindo a vestimenta dos funcionários - estratégias adotadas de forma pioneira por empresas inovadoras como o Google e a brasileira Natura, que estão se difundindo pelo País e chegando perto da nossa realidade.

Trabalhar de bermudas, longe da formalidade e da hierarquia empresarial reinante em empresas tradicionais, relaxar jogando videogame com colegas no ambiente de trabalho e ainda poder levar a família para participar de atividades culturais e de lazer na empresa é realidade para os 340 funcionários da IVIA, empresa de tecnologia da informação com sede em Fortaleza e filiais em Recife e Natal.

"Um dos pilares da nossa empresa foi criar um ambiente diferente primeiramente na comunicação. Na IVIA todos os funcionários têm acesso direto aos diretores e de forma presencial, apesar de todo o ferramental disponível numa empresa de Tecnologia da Informação (TI). Então, só essa relação 'flat' cria um ambiente diferenciado e descontraído", diz Márcio Braga, diretor de Operações da Ivia.

Inovação

Segundo ele, a inovação está presente em todas as ações da empresa e não somente na atividade fim. "Aqui, em vez de colaboradores, chamamos nossos profissionais de 'ivianos' porque essa é nossa legítima identidade. Criamos o Clube  IVIA para promover a integração de todos, incluindo familiares. Então lá promovemos atividades de lazer, esporte, cultura, eventos comemorativos, passeios. Ou seja, não temos só foco no trabalho", resume Márcio Braga.

'Casual day'

Ao circular pela empresa, livre de paredes e divisórias, com ivianos vestindo figurinos despojados e desfrutando um clima de leveza nas relações de trabalho, não dá para imaginar como tornar a empresa ainda mais 'clean'. Mesmo assim, a direção instituiu o 'Casual Day Ivia' - um dia na semana em que todos vão trabalhar de bermudas. "Isso ocorreu porque já não usamos gravata no dia a dia. Trabalhamos de tênis, calça jeans, camisa polo. Então, para ser casual, só usando bermudas. E foi assim que adotamos essa prática, sempre às sextas-feiras", explica Braga.

Incentivo

A flexibilidade da jornada de trabalho é um incentivo a mais, conforme o empresário, que impacta diretamente na baixa rotatividade dos funcionários. "Não vemos problemas em flexibilizar o horário de trabalho. É claro que dependendo das necessidades de nossos projetos porque tem cliente que não dispõe dessa flexibilidade", diz.

"Mas temos pessoas que fazem mestrado pela manhã, então compensam noutro horário viável; tem gente que sai mais cedo para pegar filho na escola; há profissionais que possuem outra atividade. São necessidades específicas tratadas caso a caso. A gente ouve, conversa e encontra uma solução. Sendo possível, a gente flexibiliza", completa.

Para Márcio Braga, é necessário agir em várias frentes para que o espaço da empresa não seja contido. "Se não existir uma relação aberta e uma leveza nas relações, não adianta maquiar a empresa, tirando paredes, deixando funcionários usarem bermudas", afirma.

"Tudo isso não serve de nada se o contato entre as partes for frio. Aqui, os ivianos não são números. Conhecemos cada um. E essa é a ideia para que todos se sintam a vontade", conclui.


Ângela Cavalcante
Repórter